Organizando a casa

Vamos pensar na forma como você lida com organização. A começar por sua casa: quantas coisas você precisa manter organizadas. Reflita um pouco sobre como é essa organização.

Homem diante de uma pia de banheiro. Ele está segurando uma gaveta aberta onde tem vários objetos.Ele olha surpreso para os objetos. Sobre sua cabeçã há um balão de pensamento com a imagem de um pente dentro.

As panelas, pratos e outros utensílios para cozinhar e comer estão na cozinha. Mas você já parou para pensar no porquê disso?

Uma bela coleção de xícaras coloridas poderia até decorar a estante de um quarto de dormir, mas, cada vez que alguém quisesse tomar um café, precisaria ir até o quarto pegar a xícara.

Por uma questão de facilidade e simplicidade, as coisas são organizadas conforme o seu uso pelas pessoas.

Deu para notar que esse não foi bem o caso da situação retratada na imagem ao lado, não é?

Observe como as coisas estão organizadas na sua casa. Pense: quem as organizou dessa forma? Há algo que pode ser melhorado, facilitando o dia a dia de todos? Aproveite para rever essa organização.

Você já reparou como em diversas situações do dia a dia você se depara com várias formas de classificação e ordenação de objetos de uso diário, alguns dos quais consideramos como “nossos documentos”?

Vários tubos de ensaio em primeiro plano. Atrás deles, em destaque, os olhos atentos de uma mulher com óculos. Ela manuseia com uma luva um dos tubos.

Documento é todo registro material de informação.

Pense, por exemplo, em um laboratório de análises clínicas. Possivelmente, alguma vez você já foi a algum, fazer um exame. Imagine todo o processo que os laboratórios têm para documentar a sua passagem por lá, desde sua chegada, a coleta de amostras, a análise do material e a emissão do resultado, garantindo que você receba o resultado do seu exame corretamente. Ao retirar o exame, você entrega ao atendente uma ficha com um código e o seu nome – que é um documento – e os funcionários entregam o seu exame, que também é um documento.

Já pensou se esses dados não estivessem muito bem organizados?

É possível afirmar que todo esse processo só pode acontecer corretamente se existir, entre tantos outros fatores, um bom método de arquivamento dos documentos.

Os métodos de arquivamento são estudados e elaborados a partir dos preceitos da Arquivologia.

A Arquivologia também conhecida como Arquivística, trata da natureza dos arquivos e das teorias, métodos e técnicas a serem observados para constituir, organizar, desenvolver e utilizar arquivos.

Para se tornar um especialista no assunto é preciso obter graduação em curso superior em Arquivística. Os especialistas dessa área são chamados de arquivistas.

O que é um arquivo?

A palavra “arquivo” é usada com diversos sentidos. Neste estudo, você conhecerá o arquivo sob dois aspectos: aquele móvel com gavetas, para guardar papéis dentro de pastas; ou o conjunto de documentos que, independentemente da natureza ou do suporte, são reunidos ao longo das atividades de pessoas físicas, jurídicas, públicas ou privadas.

Arquivo co várias gavetas.Imagem escurecida e o móvel está em perspectiva.

Em grande parte das empresas, o arquivamento dos documentos é feito pelos funcionários, incluindo os profissionais de secretariado. Em muitos casos, arquivistas fazem esse trabalho ou, ainda, empresas especializadas em Arquivística.

Classificação e ordenação de documentos

O esquema a seguir representa um sentido de junção, de relação mútua entre duas ações que visam organizar documentos:

Ambas são fundamentais para possibilitar o seu arquivamento de forma adequada. Elas são interligadas. Você vai agora entender cada uma delas.

Arquivar documentos não é simplesmente guardá-los em pastas por assunto. É preciso um método. Um bom caminho é elaborar um plano de classificação de documentos. Como esse plano é feito? A pessoa (ou a equipe) responsável pelo arquivo estabelece critério sobre como os documentos serão classificados, criando classes e subclasses para eles. Veja o exemplo a seguir:

Fazer a classificação de documentos é estabelecer uma lógica para agrupá-los conforme a função e de acordo com quem os utiliza.

1. Administração

  • 1.1. Material
    • 1.1.1. Material tipo 1
    • 1.1.2. Material tipo 2
  • 1.2. Patrimônio
  • 1.3. Pessoal
  • 1.4. Protocolo
  • 1.5. Transporte
  • 1.6. Manutenção

2. Agricultura

3. Cultura

  • 3.1. Equipamentos
    • 3.1.1. Equipamentos de som e vídeo
      • 3.1.1.1. Caixas de som
      • 3.1.1.2. Aparelhos de DVD
      • 3.1.1.3. Microfones

4. Eventos

Os documentos (em especial os de papel) normalmente são arquivados em pastas ou em caixas, que por sua vez são armazenadas em gavetas de um móvel denominado arquivo (você já deve ter visto esses arquivos de aço cinzentos em escolas, repartições públicas ou escritórios). Cada gaveta e cada pasta recebe o mesmo código de ordenação utilizado no plano de classificação.

A mesma lógica pode ser usada nos arquivos digitais, no computador, embora o próprio sistema operacional já os organiza em ordem alfabética.

Para facilitar a busca, pode ser feita uma lista em ordem alfabética, com o respectivo número da pasta. Veja um exemplo:

Gaveta no 3.1.1. – Cultura: equipamentos de som e vídeo
Item Pasta
Caixa de som 3.1.1.1
Aparelhos de DVD 3.1.1.2
Microfones 3.1.1.3

Vamos praticar?

Agora, elabore um plano de classificação de documentos a partir de uma coleção de livros que contenha diversos estilos de gêneros e autores. Você pode usar os livros que tem em casa ou pesquisar em sites de livrarias, bibliotecas etc. Imagine que você irá guardar esses livros em um armário com diversas divisórias, todas etiquetadas com seu respectivo código. Elabore também uma lista em ordem alfabética.

Lembre-se de estabelecer primeiramente quais os critérios que utilizará para definir as classes e as subclasses: estilo, cantores, compositores, nacionalidade etc. Registre o plano.

Para definir como os documentos serão ordenados, é preciso considerar os tipos de busca que as pessoas vão querer fazer.

A ordenação de documentos tem como objetivo básico facilitar e agilizar a consulta aos documentos. Essa ordenação leva em conta de que forma as pessoas consultam os documentos arquivados.

Vamos fazer um exercício de imaginação agora:

Pense em um grande magazine com lojas em todo o país que costume trocar correspondências com clientes e fornecedores. Como o clima e o estilo de vida das pessoas mudam muito de uma região do Brasil para outra, essa empresa escolheu como estratégia fazer projetos regionais, com produtos específicos para cada região geográfica.

Provavelmente, as correspondências seriam ordenadas por região geográfica.

Seria também interessante agrupar as cartas por “fornecedores” e “clientes”, ordenando cada um por ordem alfabética. Para facilitar ainda mais, seria bom separar as cartas enviadas das cartas recebidas, ordenando ainda por tipo de carta (divulgação, convite, consulta etc.) e pela data de envio ou recebimento.

Os elementos informativos mais utilizados para ordenar documentos são:

Procure descobrir quais são os tipos de móveis e acessórios utilizados para arquivar documentos.

Veja alguns exemplos do que você pode encontrar: arquivo vertical frontal, arquivo vertical lateral, arquivo armário com prateleiras, arquivo deslizante, fichário rotativo e alguns acessórios, como pastas, guias, tiras de inserções etc.

Lembre-se de registrar tudo o que aprendeu.

Três características de um arquivo eficaz:

Localizar documentos arquivados deve ser fácil para quem os guarda e quem os procura.

O arquivo deve estar preparado para a incorporação de novas classes e subclasses e para o surgimento de novos documentos. Ao criar o plano de classificação, pense se seu arquivo não ficará muito rígido ou de difícil utilização.

Com o tempo, a tendência é que o seu arquivo aumente de tamanho, pois, quanto mais o tempo passa, novos documentos surgem.

O seu plano de classificação deve considerar o surgimento de novas classes ou subclasses, sem criar confusão nos arquivos já existentes.

Dicas para arquivamento

Para manter o arquivo sempre em dia, siga estas dicas:

  • Evite empilhar documentos e mantenha a sua mesa sempre limpa e em ordem;
  • Faça do arquivamento uma rotina, como a de escovar os dentes de manhã;
  • Se precisar retirar algum documento de um arquivo, utilize uma guia, marcando o lugar do documento na pasta, ou escreva nele onde estava arquivado.

O que é a teoria das três idades?

Para entender essa teoria, você vai conhecer a história de Letícia.

Ela trabalha há três anos como assistente de diretoria de uma empresa, e uma de suas responsabilidades é manter os arquivos sempre em dia.

Mulher jovem negra com roupa social em pé na frente de um arquivo com uma gaveta aberta e com uma expressão feliz.

Nas últimas semanas, essa tarefa tem sido mais difícil, pois já não encontra mais lugar para guardar os documentos. As pastas estão abarrotadas, inclusive há documentos se danificando. Também tem sido frequente a dificuldade de encontrar documentos, pois, apesar de possuir um plano de classificação e de ter uma boa metodologia para ordenação, ela perde muito tempo lidando com as pastas abarrotadas.

A mesma mulher está diante do arquivo agora com várias gavetas abertas. A mulher está com expressão aflita e segurando documentos nas duas mãos.

Decidiu então conversar com Tarcísio, um amigo arquivista, para pedir ajuda. Tarcísio explicou para Letícia a teoria das três idades e recomendou dividir o conteúdo em três diferentes grupos, separando os documentos de acordo com seu tempo de guarda e frequência de utilização.

A mulher agora está conversando com um amigo, também com roupa social. Ele está gesticulando e com rosto calmo. A mulher está com olhar atento.

O amigo de Letícia ainda recomendou a ela:

  • Elaborar uma tabela de temporalidade dos documentos;
  • Descartar o que não é mais necessário;
  • Microfilmar parte do acervo.

A teoria das três idades define três “etapas de vida” para os documentos, conforme a frequência com que são utilizados e o período de tempo pelo qual devem ser guardados. Serve para definir o local ou a melhor forma de arquivamento, preservação ou descarte dos documentos.

Tipos de arquivamento

Vamos então conhecer agora as formas possíveis de arquivamento:

  • Arquivo corrente: Trata-se do conjunto de documentos consultados com frequência, necessários para as tarefas diárias. Quem utiliza ou é responsável por este arquivo deve tê-lo por perto, para acessá-lo com facilidade e rapidez.
  • Há quem chame o arquivo permanente de “arquivo morto”, mas essa não é uma denominação apropriada, pois passa a impressão de que os documentos ali guardados não tê mais utilidade. Isso não faz sentido, pois os documentos sem utilidade devem ser descartados e seu material reciclado (sempre que possível). Os documentos de arquivo permanente atestam, testemunham e comprovam muito da vida desenvolvida na organização, desde a sua origem.

  • Arquivo intermediário: É o conjunto dos documentos que estavam no arquivo corrente, mas cuja frequência de utilização diminuiu. São as informações que devem ser conservadas por razões administrativas, legais ou financeiras por algum período, antes de serem descartadas ou irem para o arquivo permanente. Também é recomendável que o responsável pelo arquivo intermediário tenha fácil acesso a ele.
  • Arquivo permanente ou inativo: É formado pelo conjunto de documentos que possuem valor histórico, jurídico etc., mas que raramente são consultados. Em geral, são os pesquisadores que os procuram mais. Os documentos do arquivo permanente têm grande função para a vida das organizações, pois é também com base nos aprendizados passados que construímos o futuro.
  • Arquivar é preciso

    Para muitos cientistas e pesquisadores, quase tudo pode ser “documento”, desde que forneça informações para investigação histórica. Uma peça de roupa pode revelar muito sobre os costumes ou sobre a tecnologia de uma época. Brinquedos, objetos religiosos, edifícios – tudo registra e expressa alguma coisa sobre pessoas, costumes, fatos de um período.

    Tabela de temporalidade dos documentos

    A partir da teoria das três idades, você pode elaborar uma tabela de temporalidade dos documentos, relacionando os diversos documentos e seu período de guarda. Com esse instrumento em mãos, fica mais fácil definir o que deve ser guardado em cada arquivo e o que deve ser descartado.

    Ao elaborar uma tabela de temporalidade de documentos, busque conhecer as definições da legislação, as normas de sua empresa e aprová-la com seus superiores hierárquicos. Sempre que possível é importante formar uma comissão com os profissionais relacionados com a natureza da organização (advogados, administradores, historiadores etc.). Cada um poderá ter visões diferentes sobre a importância do documento e o tempo de guarda. Veja um exemplo:

    Documento Prazo de guarda
    Certidão negativa de débito 90 dias
    Contas de água, luz e telefone 5 anos
    Extrato bancário 5 anos
    Nota fiscal 5 anos
    Prestação de contas de viagem 5 anos
    Controle de entrega de vale-transporte e alimentação 5 anos
    Aviso e recibo de férias 10 anos
    Declaração de informações econômicas e fiscais da pessoa jurídica (imposto de renda) 10 anos

    Ao elaborar a tabela de temporalidade, utilize como referência os prazos de guarda indicados pelas diversas legislações, mas considere também as necessidades e procedimentos de sua empresa.