Capítulo 1

FONÉTICA

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Introdução:

A Fonética é o estudo sistemático dos sons da fala, isto é, trabalha com os sons propriamente ditos, levando em consideração o modo como eles são produzidos, percebidos e quais aspectos físicos estão envolvidos na sua produção. Trataremos, neste capítulo, do primeiro aspecto, ou seja, a fonética articulatória, abordando a descrição do aparelho fonador e a classificação dos sons consonantais e vocálicos.

Domínios da fonética:

Os estudos de fonética abordam três campos distintos, a saber: o articulatório, o acústico e o auditivo, conforme detalhados a seguir.

Fonética articulatória: estuda os sons do ponto de vista fisiológico, descrevendo e classificando-os.

Assim, ao descrevermos a realização de um som, por exemplo[p], podemos afirmar que na sua articulação quase não houve vibração das cordas vocais, por isso ele é não-vozeado; que o fluxo do ar seguiu o caminho do trato vocal, não das fossas nasais, caracterizando-o como oral; e que houve obstrução pelos dois lábios, por isso ele é oclusivo e bilabial. Este é o papel da Fonética Articulatória.

Fonética acústica: leva em conta as propriedades físicas do som, explicando como os sons da fala chegam ao aparelho auditivo.

A análise desse som e sua propagação, realizada com o auxílio de programas e softwares específicos, sua amplitude, duração, frequência fundamental, etc. está no foco da Fonética Acústica.

Fonética auditiva: centraliza seus estudos na percepção do aparelho auditivo.

Muitas vezes, não conseguimos perceber sons supostamente iguais de forma idêntica. Só uma análise mais acurada permitirá identificá-los. Esse tipo de estudo cabe à Fonética auditiva, campo de pesquisa muito pouco explorado, principalmente no Brasil.

Esses três campos de estudos nem sempre são implementados concomitantemente e um dos motivos para que isso não ocorra é a falta de especialização, principalmente no que concerne aos estudos auditivos. Por isso, vamos nos deter na fonética articulatória, considerando ser essa a parte mais fácil de ser verificada, já que diz respeito à produção dos sons. Vale salientar, entretanto, que, para fazermos um estudo mais detalhado da produção de alguns sons, temos necessidade de recorrer a estudos acústicos. Tais estudos, no passado, necessitavam de aparelhos bem sofisticados, e, muitas vezes, de difícil acesso. Hoje, comum computador bem equipado e com “softwares” específicos, podemos realizar excelentes análises acústicas.

Considerando as dificuldades apontadas, aqui nos deteremos na articulação dos sons, ou seja, na Fonética articulatória, aquela que, como afirmamos anteriormente, está voltada para a produção dos sons, levando em conta seu modo de articulação, seu ponto de articulação, seu caráter vozeado ou não vozeado e ainda sua configuração nasal ou oral.

Imagem com diversos símbolos fonéticos e uma chave de móvel antigo.
Aparelho fonador:

O ser humano não possui um órgão ou um sistema que tenha como função primária a produção dos sons da fala. Para falar, ele se utiliza de partes do corpo, como pulmões, traqueia, laringe (epiglote, cordas vocais, etc.), faringe, palato duro (ou céu da boca), palato mole (ou véu palatino), língua, dentes, mandíbula, lábios e cavidades nasal, cujas funções primárias são alimentação, respiração e proteção de vias áreas inferiores, ou seja, vitais ao ser humano.

Vídeo 1 - Aparelho fonador

Como se realizam os sons da fala?

Para respondermos a essa pergunta, temos que entender o caminho que o fluxo de ar segue na respiração. Importante lembrarmos que os sons, geralmente, não se realizam no momento da “inspiração”, mas da “expiração”. O oxigênio, vital ao ser humano, chega até os pulmões pelos brônquios. Em seu caminho de volta, ainda ar, ele sofre a primeira de formação ao chegar à laringe. Todos os sons da fala humana – sejam vogais, consoantes ou semivogais (também denominadas de glides) – são produzidos no trato vocal. Esse pode ser considerado como um aparelho constituído de câmaras, tubos e válvulas, cuja função é pôr o ar em movimento e controlar seu fluxo.

Vídeo 2 - Fluxo do ar na respiração

Sons surdos e sonoros:

O ar expelido pelos pulmões chega à laringe e atravessa a glote, que fica na altura do chamado pomo-de-adão ou gogó. O ar, então, chega à abertura entre as duas pregas musculares das paredes superiores da laringe, conhecidas pelo nome de cordas vocais. O fluxo de ar pode encontrá-las fechadas ou abertas, em virtude de estar em aproximadas ou afastadas. Caso estejam fechadas, o ar força sua passagem, fazendo-as vibrar e produzir os sons chamados de voz e a do sou sonoros. No segundo caso, quando relaxadas, o ar escapa, com vibração mínima das cordas, produzindo sons chamados de não-vozeados ou surdos.

Vídeo 3 - Cordas vocais em movimento

Observação

A distinção entre sons sonoros e surdos pode ser claramente percebida na pronúncia de pares de consoantes como:

Todas essas palavras se opõem apenas pela vibração ou não das cordas vocais. Enquanto [p,t,k,f,s,∫] são classificadas como surdos, por terem mínima vibração das cordas vocais, [b,d,g,v,z,ʒ] são classificadas como sonoros, por ter em maior vibração das cordas vocais.

Atividade 1

Tape seus ouvidos com as mãos e realize os sons mencionados no quadro anterior. Identifique-os como SURDOS(SU) ou SONOROS(SO).

tato

jato

zelo

cato

vaca

selo

faca

chato

pato

dado

gato

bato

Atividade 2

Tape seus ouvidos com as mãos e pronuncie as palavras abaixo. Observe como você realiza o primeiro som de cada palavra e classifique-o como surdo ou sonoro. Em seguida, reescreva-as as palavras organizando-as em dois grupos: palavras com início surdo e palavras com início sonoro.

panela

chifre

rua

tapete

sapeca

moleza

lataria

lhama

nadador

verdade

Atividade 3

Nomeie os órgãos envolvidos na fonação. Para isso, selecione os nomes na lista abaixo: clique em um nome e arraste-o para a posição correta no diagrama.

Dica: o nome só fixa no diagrama se a correspondência com o órgão estiver correta.

Arcada Alveolar
Dentes
Palato Duro
Faringe
Língua
Maxilar Inferior
Palato Mole
Epiglote
Fossas Nasais
Pulmões
Abertura Velofaringal
Cordas Vocais
Lábios
Diafragma
Úvula
Laringe

Ainda a produção dos sons da fala: sons orais e nasais:

Vamos seguir o fluxo de ar depois de passar pela glote, que é onde ficam as cordas vocais, definidoras da sonoridade ou não dos sons. Quando sai da laringe, o ar vai para a faringe. Aí o fluxo de ar, pode tomar duas direções: o trato vocal ou o nasal. Entre esses dois canais fica a úvula, órgão dotado de mobilidade capaz de obstruir, ou não, a passagem do ar na cavidade nasal e, consequentemente, determinar a natureza oral ou nasal de um som.

Quando levantada, a úvula impede que o fluxo de ar saia pelas fossas nasais, resultando, assim, na produção de sonsorais, a exemplo de .

Quando a úvula está abaixada, temos as realizações de sons nasais, isso porque o ar passa agora apenas pelas fossas nasais. É o que acontece com a realização de sons consonantais como .

No português, além das consoantes anteriormente mencionadas, há os sons que são produzidos com a úvula apenas parcialmente levantada, o que permite que o ar saia pela boca e pelo nariz ao mesmo tempo, a exemplo das vogais nasalizadas, como nas palavras

Como estamos tratando de Fonética, veja que os sons mencionados são sempre transcritos entre colchetes []. Quando estivermos tratando de Fonologia, a transcrição será feita entre barras //.

Na figura a seguir, podemos verificar como se realizam os sons orais, nasais e nasalizados.

Na ilustração, temos a representação da geração dos sons orais, nasais e nasalados. Na primeira imagem, temos a representação do som(ar) sendo gerado no pulmão, passando pelo esôfago e traqueia até, finalmente, sair pela boca. Na segunda imagem, temos a representação do som(ar) sendo gerado no pulmão, passando pelo esôfago e traqueia até, finalmente, sair pelo nariz. Na terceira imagem, temos a representação do som(ar) sendo gerado no pulmão, passando pelo esôfago e traqueia até sair, tanto pelo nariz quanto pela boca.

Figura 1 - Sons orais, nasais e nasalizados

Atividade 4

Destaque, no trecho a seguir, palavras que contenham sons nasais e nasalizados:

Na minha escola tem biblioteca, cantina, banheiro, sala de professores e muitas outras coisas. O que eu mais gosto em minha escola é a hora da leitura. Gosto também dos colegas, das professoras e da minha namorada.

A qual categoria a palavra pertence? (pode selecionar mais de uma alternativa)

Correto Incorreto

O trato vocal:

Depois da faringe, local onde o fluxo do ar vai definir sons orais e nasais, passemos agora ao trato vocal, onde se situam os articuladores dos sons da fala, que podem ser classificados como ativos ou passivos.

São articuladores ativos o lábio inferior, a língua e o maxilar inferior. Para a produção dos sons, esses se movimentam na direção dos articuladores passivos, que são o palato mole, a úvula e os dentes incisivos superiores.

Na ilustração, temos a representação dos articuladores ativos e passivos. Temos o desenho da cabeça de um ser humano e a indicação dos articuladores ativos, que se dividem em lábio inferior (na região da boca), língua e maxilar inferior. Também temos a indicação dos articuladores passivos que são os dentes incisivos superiores, o palato mole e a úvula na região da garganta e as cordas vocais, na região do esôfago.

Figura 2 - Articuladores e ativos e passivos

Articuladores são partes móveis ou ativas do aparelho fonador, as quais se aproximam dos articuladores imóveis ou passivos (pontos de articulação) ou tocam neles, reduzindo ou impedindo a passagem do ar, influenciando, assim, na forma do canal fonador.

Atividade 5

Indique os articuladores envolvidos na produção dos sons a seguir:

[m] "matemática"
[l] "lápis"
[l] "lápis"
[∫] "chuva"
[x] "rato"
[ʎ] "palhaço"
[s] "máximo"
[v] "árvore"
Palato Mole
Lábio inferior
Lábio inferior
Palato Duro
Dentes
Língua (corpo)
Alvéolos
Língua (corpo)
Língua (raiz)
Língua (ponta)
Língua (corpo)
Língua (ponta)
Dentes superiores
Alvéolos
Lábio superior
Palato duro

Classificação das consoantes:

Os sons da fala podem ainda ser classificados quanto ao modo de articulação e quanto ao ponto de articulação. Tomando como base apenas sons produzidos na Língua Portuguesa, vejamos como isso ocorre.

Modo de articulação:

O modo de articulação se refere à forma como os sons são produzidos, observando-se o fluxo do ar ao longo do aparelho fonador.

  1. oclusivos: para a produção de sons oclusivos, o fluxo de ar que vem dos pulmões é interrompido totalmente em algum ponto do trato oral, seja pelo fechamento dos lábios, seja pela pressão da língua na arcada dentária, nos alvéolos ou no palato mole, para ser imediatamente liberado, emitindo um som semelhante a uma explosão. São oclusivos sons como

  2. fricativos: para a produção de sons fricativos, o ar é pressionado pelos órgãos fonadores durante sua passagem, o que resulta em uma espécie de chiado ou fricção. São fricativos os sons:

  3. africados: na realização desses sons, ocorre uma rápida oclusão seguida de fricção, como se fosse a soma de um som oclusivo com um som fricativo. São africados os sons:

  4. nasais: na produção desses sons, o ar é bloqueado em algum ponto do trato vocal, de modo que sua saída ocorra pelas fossas nasais, como em

  5. laterais: para a produção dos sons laterais, a parte anterior da língua obstrui a passagem do ar, forçando-o a sair pelas paredes laterais da boca. São laterais:

  6. vibrante: os sons vibrantes caracterizam-se pelo movimento vibratório rápido da língua, provocando, assim, interrupções intermitentes na corrente de ar. Palavras como

    apresentam o som vibrante[r].
  7. tepe: diferente da vibrante, o tepe[ɾ] caracteriza-se por uma batida única e rápida da ponta da língua nos alvéolos. Esse som ocorre nos encontros consonantais do português em palavras como

    etc.

Pontos de articulação:

Os pontos de articulação referem-se às regiões do trato vocal onde os sons são articulados:

a) bilabial: refere-se ao som produzido pelo encontro ou aproximação dos lábios, como em [p]“pato”, [b]“bala” e [m]“mala”.

b) labiodental: refere-se ao som produzido também na região labial, porém com a aproximação do lábio inferior rumo à arcada dentária superior. São labiodentais os sons [f]“foca” e [v]“viola”.

c) alveolar: refere-se ao som produzido na parte posterior dos dentes superiores (dentais) ou nos alvéolos (alveolares), seja quando a língua toca essa região ou apenas pressiona o ar: [t]“testa”; [d]“dedo”; [s]“sapo”, “osso”, “cedo”, “exceção”; [z]“zebra”, “casa”, “exame”; [l]“lua”; [n]“nuvem”; [r]“arame”, [tʃ]“tira”, [dʒ]“ditado” .

d) pós-alveolar: refere-se ao som produzido depois dos alvéolos, ou seja, entre os alvéolos e o palato duro, com a lâmina da língua estendida nessa direção. São palato-alveolares os sons [ʃ]“chuva”, “xícara”; [ʒ]“jeito”, “gente”; [tʃ]“tira”; [dʒ]“ditado”.

e) palatal: refere-se ao som produzido com a lâmina da língua tocando palato duro, como em [ɲ]“linho”, “sonho”; [ʎ]“milho”, “folha”.

f) velar: refere-se ao som produzido na região do palato mole, com um estreitamento da cavidade bucal entre o dorso da língua e o véu palatino. São velares sons como [k]“cabelo”, “queixo”; [g]“goma”, “guia”; [x]“roda”, “arte”; [ɣ]“carga”, “gordo”.

Com essas descrições articulatórias, podemos classificar os sons da fala em geral. Para unificar as transcrições dos sons, uma vez que suas realizações podem variar de uma língua para outra, foi criado o Alfabeto Fonético Internacional (International PhoneticAlphabet–IPA). A seguir, no Quadro 1, o quadro das consoantes do Alfabeto Fonético Internacional em sua versão de 2005.

Bilabial Labiodental Dental Alveolar Pós-alveolar Retroflexa Palatal Velar Uvular Faringal Glotal
Oclusiva
b p
t d
ʈ ɖ
c ɟ
k ɡ
q ɢ
ʔ
Nasal
m
ɱ
n
ɳ
ɲ
ŋ
ɴ
Vibrante múltipla
ʙ
r
ʀ
Tepe
ɾ
ɽ
Fricativa
ɸ β
f v
θ ð
s z
ʃ ʒ
ʂ z
ç ʝ
x ɣ
χ ʁ
ħ ʕ
h ɦ
Fricativa lateral
ɬ ɮ
Aproximante
ʋ
ɹ
ɻ
j
ɰ
Aproximante lateral
l
ɭ
ʎ
ʟ
Quadro 1 - Alfabético Fonético Internacional: consoantes. Quando os símbolos aparecem em pares, o da direita representa um som sonoro e o da esquerda representa um som surdo. Áreas escurecidas denotam articulações julgadas impossíveis. Fonte: Adaptado de http://upload.wikimedia.org/wikipe-dia/en/8/8f/IPA_chart_%28C%292005.pdf . Acesso em: 15 jun.2015.

Esse sistema, ao ser utilizado na transcrição fonética, também permite que qualquer falante conhecedor de seus símbolos realize sons de qualquer língua.

Classificação das vogais:

Até aqui temos descrito como se realizam as consoantes, segmentos produzidos com alguma interrupção – parcial, intermitente ou total – na saída do ar. Passemos agora às vogais. Do ponto de vista articulatório, as vogais são produzidas sem nenhuma obstrução na saída do ar pelo trato vocal, de modo que uma vogal se diferencia da outra, conforme a configuração dos lábios, a altura e o avanço/recuo da língua no ato da produção dos sons. Ademais,enquanto uma classe de consoantes se distingue, em relação à vibração das pregas vocais, em surdas e sonoras, essa distinção não se aplica aos sons vocálicos, uma vez que as vogais são sempre sonoras. Já do ponto de vista de sua função no sistema da Língua Portuguesa, somente as vogais podem ocupar o pico silábico, enquanto as consoantes ocupam sempre as margens das sílabas, conforme se constata a partir dos seguintes exemplos: “mar.ca”, “ár.vo.re”, “cra.vo”, “pos.te”, “po.e.ta”.

Seguindo, pois, os parâmetros articulatórios anteriormente mencionados, e retomados a seguir, é que as vogais serão classificadas.

Posição vertical da língua: vogais altas, médias e baixas:

Vogais altas: são aquelas produzidas com a elevação da língua, seja para a parte anterior, seja para região posterior do trato vocal. Vejamos alguns exemplos de vogais altas em que a línguas e eleva pra a região frontal:

Nota-se que a vogal alta [ɪ] ocorre em posições mais fracas, como na sílaba átona em final de palavras “e”.

Vejamos, agora, alguns exemplos de vogais altas em que a elevação da língua vai em direção à parte posterior da boca:

Da mesma forma que a vogal alta[ɪ], a vogal alta[ʊ] ocorre em posições mais fracas, como na sílaba átona em final de palavras.

Nesses dois casos, não é raro encontrar grafias das letras ‘i’ e ‘u’ no lugar de ‘e’ e ‘o’, respectivamente. O trecho a seguir ilustra esses fatos.

“A violência é algu muito ruim para sociedadi”

Vogais médias: para a produção das vogais médias, como o nome já indica, a língua mantem-se em uma posição intermediária, ou seja, nem tão alta nem em repouso. Para a classificação das vogais médias, é importante observar também que, em alguns casos, a posição intermediária da língua está mais próxima das posições mais altas, quando as chamamos de vogais médias altas. Em outros casos, a posição intermediária da língua está mais próxima da posição de repouso, vogais médias baixas. Vejamos os exemplos:

Vogais médias altas: [e] e [o]

Vogais médias baixas: [ɛ] e [ɔ]

Vogais baixas: são produzidas com a língua em posição de repouso. Na Língua Portuguesa, a vogal baixa[a] possui alguma variação, quando em posição mais fraca, como, por exemplo, em sílaba átona final, quando costuma ser realizada como[ɐ].

Avanço/recuo do corpo da língua

No que concerne à sua movimentação horizontal, a língua pode avançar rumo à região frontal da boca para a produção das vogais frontais, recuar para a parte posterior do trato vocal, produzindo vogais posteriores, ou ainda permanecer em repouso para produzir vogais centrais. Vejamos alguns exemplos:

Vogais frontais:

Vogais posteriores:

Vogais centrais:

Configuração dos lábios:

Quanto à configuração dos lábios, as vogais são classificadas em arredondadas, caso os lábios estejam configurados de forma arredondada, ou não-arredondadas, se os lábios se encontrarem distendidos. Portanto, é muito fácil identificá-las. Vejamos os exemplos:

Vogais arredondadas:

Vogais não-arredondadas:

Finalmente, é possível que as vogais recebam interferência de algum som nasal vizinho, tornando-se nasalizadas em oposição às vogais orais, como nos exemplos a seguir:

Figura 3 - Alfabeto Fonético Internacional: vogais. Fonte: Adaptado de http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/8/8f/IPA_chart_%28C%292005.pdf . Acesso em: 15 jun. 2015.

Deve-se observar, ainda, que quanto mais altas as vogais, mais fechadas serão; e quanto mais baixas, mais abertas. Isso permite as esses sons também a classificação a seguir:

Vogais fechadas = vogais altas

Vogais meio fechadas = vogais médias altas

Vogais meio abertas = vogais médias baixas

Vogais baixas = vogais abertas

Finalmente, é possível que as vogais recebam interferência de algum som nasal vizinho, tornando-se nasalizadas em oposição às vogais orais, como nos exemplos a seguir:

Vogais orais:

Vogais nasalizadas:

Atividade 6

Entre as palavras a seguir, indique aquelas em que há correspondência entre a letra destacada e o som que ela representa: panela, quiabo, sapato, guerra, tigre, sábado, divino, telefone, vida, casa, xadrez, cajado.

panela , quiabo , sapato , guerra , tigre , bado , divino , telefone , vida , casa , xadrez , cajado

Transcrição fonética:

Para analisarmos a língua oral utilizada por um falante sob o ponto de vista fonético, é necessário que façamos sua transcrição. Para isso, uma possibilidade é lançarmos mão dos símbolos fonéticos que constituem o IPA. Essa transcrição, algumas vezes, pode variar, dependendo do sistema fonético que está sendo utilizado.

Temos dois tipos de transcrição fonética: um mais amplo e um mais restrito. No tipo amplo, não levamos em conta aqueles aspectos considerados secundários na produção dos sons, a exemplo da palatalização, da velarização, bem como os detalhes percebidos na variação da fala. Em geral, é esse tipo de transcrição que mais utilizamos no dia a dia da sala de aula ou em pesquisas de caráter dialetal. O Alfabeto Fonético Internacional fornece outros símbolos para transcrição dos sons da fala. Vejamos a seguiro IPA completo, com a pronúncia de cada som em separado:

http://web.uvic.ca/ling/resources/ipa/charts/IPAlab/IPAlab . Acesso em: 15 jun. 2015.

Atividade

Atualmente, existem disponíveis na internet bancos de dados de fala de diferentes regiões brasileiras, organizados a partir de coletas realizadas. A seguir, elencamos os links para acesso a esses dados. Extraia um trecho de cada banco e faça a transcrição fonética:

Projeto VALPB: http://projetovalpb.com.br/ . Acesso em: 15 jun. 2015.

Projeto Iboruna: http://www.iboruna.ibilce.unesp.br/ . Acesso em: 15 jun. 2015.

Projeto NURC: http://www.letras.ufrj.br/nurc-rj/ . Acesso em: 15 jun. 2015.

Leia Mais

CALLOU, D.; LEITE,Y .Iniciação à fonética e à fonologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.

FONÉTICA & FONOLOGIA: Sonoridade em Artes, Saúde e Tecnologia. UFMG. 2008. Disponível em: www.fonologia.org .Acessoem:15jun.2015.

SEARA, I.; NUNES, V.G.; LAZZAROTTO-VOLCÃO, C.Fonética e fonologia do português brasileiro. UFSC.2011. Disponível em: http://goo.gl/tQy90q . Acesso em: 15 jun. 2015.

SILVA, T.C. Dicionário de fonética e fonologia. São Paulo: Contexto, 2011.

SILVA, T.C. Fonética e fonologia português: roteiro de estudo seguia de exercícios. São Paulo: Contexto,2003.

WEISS, H. Fonética articulatória: guia de exercícios. Brasília: Sil.1980.