Foco Narrativo

Quando lemos uma obra de ficção, queremos imergir naquele mundo construído por enunciados que nos remetem a outros lugares, tempos, sociedades e costumes, semelhantes ou diferentes do que reconhecemos.

Essa ilusão criada pela obra literária de ficção é elaborada milimetricamente pelos autores que dominam certas técnicas narrativas. Uma das principais é o foco narrativo, ou ponto de vista narrativo, que diz respeito ao lugar a partir do qual o narrador conta ou mostra a estória, pressupondo possibilidades e limites inerentes à posição escolhida.

Foco Narrativo

Quando lemos uma obra de ficção, queremos imergir naquele mundo construído por enunciados que nos remetem a outros lugares, tempos, sociedades e costumes, semelhantes ou diferentes do que reconhecemos.

Essa ilusão criada pela obra literária de ficção é elaborada milimetricamente pelos autores que dominam certas técnicas narrativas. Uma das principais é o foco narrativo, ou ponto de vista narrativo, que diz respeito ao lugar a partir do qual o narrador conta ou mostra a estória, pressupondo possibilidades e limites inerentes à posição escolhida.

Premissas da escolha do ponto de vista narrativo


A escolha do foco narrativo não é aleatória. O autor escolhe como narrará sua estória tendo em vista os efeitos que quer produzir.

Por exemplo, se ele quer narrar uma autobiografia, é verossímil escolher um narrador identificado como “eu”, que narre sobre suas próprias experiências e priorize a perspectiva de 1ª pessoa.


Uma vez escolhido o ponto de vista narrativo, é importante manter a consistência . Em outras palavras, pode-se explorar as possibilidades oferecidas pelo foco, mas deve-se respeitar seus limites.

Por exemplo, se o autor estabelece que seu narrador é uma pessoa comum, personagem da estória, as informações apresentadas devem ser coerentes com as limitações de conhecimento de uma pessoa normal. Isso significa que ele poderá discorrer sobre sua interioridade, seus sentimentos e pensamentos, mas não poderá entrar na cabeça dos demais personagens. Quando muito, ele poderá fazer inferências sobre os outros.


Caso o narrador ultrapasse seus limites, o leitor perceberá a incoerência, o que impactará a ilusão criada pela obra de ficção. O leitor questionará “Como ele sabe isso?” ou pensará “Não é possível que ele tenha essa informação!”. Assim, a obra perderá intensidade, concentração e coerência.

Clique nos botões da tela antes de avançar

SUMÁRIO NARRATIVO

(contar)

CENA IMEDIATA

(mostrar)

Na próxima etapa deste material, você terá acesso aos diferentes tipos de narradores, conforme Norman Friedman. Esses tipos se localizam em posições diferentes em um continuum que vai do sumário narrativo (contar), em uma ponta, à cena imediata (mostrar), na outra ponta.


Os eventos, personagens, ações, diálogos, etc. são apresentados de forma panorâmica e resumida no tempo e espaço, sem entrar em detalhes.


Por exemplo:

"O velho Mr. Pontifex se casara em 1750; durante quinze anos, porém, a mulher não lhe deu filhos. No fim desse período, Mrs. Pontifex assombrou a aldeia inteira, apresentando sinais evidentes de que pretendia presentear o esposo com um herdeiro ou herdeira. Já há muito tempo considerava-se o seu caso irremediável; e quando ela foi consultar o médico a respeito de certos sintomas, inteirando-se do que significavam, chegou a injuriar o doutor, tal foi sua zanga" (Butler, 1903).

Os eventos, personagens, ações, diálogos etc. são apresentados de modo detalhado, contínuo e sucessivo, à medida que aparecem ou ocorrem.


Por exemplo:

“A chuva parou, quando Nick entrou no caminho que atravessa o pomar. As frutas já haviam sido colhidas, e o vento outonal soprava através das árvores nuas. Nick parou e apanhou ao lado do caminho uma maçã Wagner, que a chuva pusera a brilhar no capim escuro. Colocou a maçã no bolso da japona tipo Mackinaw” (Hemingway, 1965).

IMPORTANTE

Tanto o sumário quanto a cena raramente ocorrem em suas formas puras. Na verdade, é comum a variação de um para outro em determinados momentos da narrativa. O que pode haver é uma predominância de um sobre o outro na obra, fato que permite a depreensão de tipos de narradores diferentes, como será visto a seguir.

Clique nos botões da tela antes de avançar

Tipos de narradores

Confira abaixo a descrição de cada um dos tipos de narradores.

Para mais detalhes, consulte o material abaixo


Tipos de narradores

Confira abaixo a descrição de cada um dos tipos de narradores.

CONTAR

AUTOR ONISCIENTE INTRUSO


AUTOR ONISCIENTE NEUTRO


"EU" COMO TESTEMUNHA


NARRADOR-PROTAGONISTA


ONISCIÊNCIA SELETIVA MÚLTIPLA


ONISCIÊNCIA SELETIVA


O MODO DRAMÁTICO


A CÂMERA


MOSTRAR


Identifique os tipos de narradores

Analise os trechos literários e identifique o tipo de narrador correspondente.

Identifique os tipos de narradores

Analise os trechos literários e identifique o tipo de narrador correspondente.

Agora é sua vez

Com base no que você aprendeu até aqui e a partir dos exemplos a que teve acesso, elabore trechos narrativos para cada tipo de narrador.

AUTOR ONISCIENTE INTRUSO

AUTOR ONISCIENTE NEUTRO

"EU" COMO TESTEMUNHA

NARRADOR-PROTAGONISTA

ONISCIÊNCIA SELETIVA MÚLTIPLA

ONISCIÊNCIA SELETIVA

O MODO DRAMÁTICO

A CAMÊRA

Se quiser, imprima a sua produção antes de avançar. Sua produção será perdida ao fechar o recurso.



Chegamos ao final!

Muito bem, você chegou ao final deste material sobre Foco Narrativo. Espera-se que, agora, você seja capaz de:

• Identificar o conceito de foco narrativo (ponto de vista narrativo).
• Discernir os conceitos de sumário narrativo e cena imediata.
• Reconhecer os diferentes tipos de narradores.
• Reconhecer as possibilidades e limites de cada tipo de foco narrativo.
• Produzir narrativas com diferentes tipos de pontos de vista narrativos.

Não deixe de ler as obras que inspiraram este material: