A Língua das Mãos

Se uma imagem pode valer mais do que mil palavras, o que você acha de uma língua que é totalmente visual? Esta é a libras, língua de sinais brasileira reconhecida em lei desde 2002. Mesmo sendo oficialmente reconhecida como a língua da comunidade surda brasileira, são poucos os brasileiros fluentes na libras. Aliás, sabia que no Brasil, segundo o Censo do IBGE de 2010, quase 10 milhões de pessoas reportam alguma perda auditiva? Mas infelizmente não há informações claras sobre quantos habitantes são sinalizantes...

Quer conhecer mais sobre essa língua e perceber a importância dela no contexto brasileiro? Role a página e veja o que preparamos para você!

Libras: O que é?

Libras é um acrônimo para ngua Brasileira de Sinais.

Como língua, é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão e possui regras gramaticais próprias. O sistema linguístico de libras é de natureza visual-motora, mas atenção: ela não pode ser confundida com uma linguagem corporal (tais como são os gestos e a mímica, por exemplo). Tal como acontece com as línguas orais-auditivas, a língua de sinais também varia conforme a comunidade e a região em que é utilizada. Assim, da mesma forma que existe um língua de sinais brasileira, também existe uma língua de sinais americana, francesa e por aí vai.

A libras é utilizada pelas comunidades surdas para manifestação de sua cultura, mas também pode ser aprendida por pessoas ouvintes. Como qualquer outra língua, a aprendizagem de libras demanda prática. Sua estrutura possui parâmetros primários (configuração das mãos; movimento e pontos de articulação) e parâmetros secundários (disposição das mãos; região de contato; orientação da palma das mãos e expressões faciais).

Acompanhe ao longo deste material outras informações sobre libras.

Infográfico com informações sobre a surdez no Brasil. Dados do IBGE de 2010 indicam que no Brasil, dois milhões, cento e quarenta e três mil, cento e setenta e três pessoas são surdas ou têm grande dificuldade auditiva. Esse número é o suficiente para lotar trinta estádios do Morumbi. Cento e oitenta e três mil, cento e sessenta e oito pessoas têm entre zero e dezessete anos; duzentas e oitenta e seis mil e quarenta e uma pessoas têm entre dezoito e trinta e quatro anos; setecentas e sessenta mil, quinhentas e setenta e seis pessoas têm entre trinta e cinco e sessenta e quatro anos e novecentas e treze mil, trezentas e oitenta e oito pessoas têm mais de sessenta e cinco anos.
*Fonte: IBGE 2010. Não há dados sobre a quantidade de sinalizantes no Brasil.

Teste seus conhecimentos

Será que o que você sabe sobre libras está correto? Que tal um jogo pra descobrir? Leia as afirmações a seguir e julgue se elas são verdadeiras ou se não passam de mitos! Ao final do jogo, você pode baixar um resumo, imprimir esse material e espalhar esta ideia entre os seus amigos. Mais pessoas precisam conhecer libras.

Seu desempenho:

A importância do visual

O visual é um elemento tão importante que, mesmo entre os usuários da língua portuguesa, itens visuais são amplamente utilizados para complementar a escrita nestes tempos de comunicação instantânea pela internet — caso dos emojis.
Para libras, mais do que um complemento, o visual é a base.
Explore abaixo:

  • Bom Dia
  • Amor
  • Parabéns
  • Alegria
  • Vida
  • Gargalhar
  • Dança
  • Amigo
  • Beijo
  • Férias
Fonte: Adaptado do Dicionário de Libras do Ines.

Bom dia

Espalhe esta causa

Aproveite a semana de homenagens à cultura surda para compartilhar sua história de relação com a libras.

Poste um breve depoimento, em texto ou vídeo, no seu Facebook e use a hashtag #librasunivesp. Sua postagem pode aparecer na página oficial da UNIVESP e aqui também! Esperamos sua participação até sexta-feira, 30 de setembro de 2016.

Conquistas históricas

A história da língua de sinais é marcada pela luta da comunidade surda no reconhecimento e garantia de seus direitos.
Acompanhe essa trajetória:

  1. Antiguidade Greco-romana

    4000 a.C - 476 d.C

    Na Antiguidade greco-romana os surdos não eram considerados seres humanos competentes. A dificuldade na comunicação oral era considerada uma impossibilidade de estabelecer uma linguagem e, por conseguinte, o pensamento. Esse grave erro privou os surdos de seus direitos legais.

  2. Idade Média

    476 - 1453

    Em função da ausência da fala, os surdos não tinham condições para firmar sacramentos religiosos e, por isso, suas almas não eram consideradas imortais. Essa situação se estendeu até o século XII, com o impedimento dos surdos de realizar casamentos.

  3. Pedro Ponce de Leon

    Entre 1520 e 1584

    Foi o primeiro educador de surdos de que se tem notícia. Na época, a principal motivação para a educação dos surdos era garantir o direito à herança. Um dos aspectos ensinados pelo educador era a oralidade, ou seja, ensinar o surdo a falar. Além da fala, o educador também ensinava a escrita, a leitura e a filosofia. Pedro Ponce de Leon teve êxito em seus métodos, demonstrando que os surdos eram capazes de aprender.

  4. Juan Pablo Bonet

    Entre 1579 e 1629

    Apropriou-se do método de Leon e em 1620 publicou um livro sobre a arte de ensinar surdos a falar. Dentre os aspectos que compunham o método estavam o alfabeto manual, escrita, língua de sinais e manipulação dos órgãos fonoarticulatórios. Esse método, ainda com foco na oralidade (mas com avanços no uso dos sinais) serviu como referência para outros educadores, que disseminaram suas ideias na Europa. Dois educadores (Amman e Wallis), que conheceram o método de Bonet, desistiram de ensinar a fala para os surdos ao final das suas carreiras porque se convenceram de que a língua de sinais era a melhor forma de comunicação para essas pessoas.

  5. Abade Charles-Michel de l’Epée

    Entre 1712 e 1789

    Inventor dos sinais metódicos e fundador do Instituto Nacional para Surdos-Mudos de Paris (1760), o primeiro instituto de educação de surdos no mundo. L’Epée foi o primeiro educador a reconhecer que os surdos têm uma língua e diferentemente do que as demais pessoas pensavam, o surdo não precisa aprender uma língua oral para possuir linguagem. A partir dessa prerrogativa, o método da oralização deixou de ser o foco para o ensino de surdos.

  6. Thomas Gallaudet

    Entre 1787 e 1851

    Thomas Gallaudet viajou dos Estados Unidos para a Europa em 1816 em busca de métodos de educação de surdos. Para tanto, realizou estágio no Instituto Nacional para Surdos-Mudos de Paris, fundado por l’Epée. No instituto, Gallaudet conheceu Laurente Clerc.

  7. Laurent Clerc

    Entre 1785 e 1869

    Laurent Clerc conheceu Gallaudet durante o estágio deste no Instituto Nacional para Surdos-Mudos de Paris. Lá, ensinou a Gallaudet a língua de sinais francesa, bem como os sinais metódicos criados pelo abade l’Epée. Foi com Gallaudet para os Estados Unidos e, juntos, fundaram a primeira escola de surdos do país.

  8. Primeira escola de surdos dos EUA

    1817

    Thomas Gallaudet e Laurent Clerc fundam, em 1817, a Hartford School, em Connecticut, nos Estados Unidos. A língua utilizada nas salas de aula, precursora da LSF, englobava sinais metódicos adaptados para o inglês, alfabeto manual francês e sinais dos alunos surdos norte-americanos que já eram utilizados à época.

  9. Fundação do INES no RJ

    1º de janeiro de 1856

    Dom Pedro II, com base em relatório do Padre Huet, funda o Instituto Imperial de Surdos-Mudos, que futuramente seria denominado INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos). Por mais de um século, a instituição funcionou em regime de internato. Reuniu alunos de várias partes do país. Foi aí que começou a se desenvolver a libras: os sinais já em uso pelos surdos no INES, somados à influência da língua de sinais francesa trazida pelo Padre Huet e outros sinais metódicos originaram a libras como a conhecemos hoje. A disseminação se deu por meio do retorno dos surdos formados no INES às suas cidades de origem.

  10. Única universidade de surdos do mundo

    1864

    É fundada em 1864 por Edward Gallaudet, filho de Thomas Gallaudet, a Gallaudet University, até hoje a única universidade para surdos do mundo. A instituição fica em Washington, nos Estados Unidos.

  11. Método combinado

    Entre 1789 e 1880

    Até 1880, a educação de surdos era realizada por meio principalmente da oralização, com sinais sendo utilizados como apoio na comunicação. Essa maneira de educar, que utilizava as duas formas, era chamada de método combinado.

  12. Congresso de Milão

    1880

    Em 1880, educadores surdos de diferentes países do mundo se reuniram em Milão para um congresso. Entretanto, houve participação de apenas um surdo. Como resultado do Congresso de Milão, ficou decidido que a melhor forma de educação dos surdos era o oralismo puro. Dessa forma, diz-se hoje que esse evento teve um impacto desastroso para os surdos, por conta da imposição do método oral puro, afastamento dos professores surdos e a proibição do uso da língua de sinais em ambiente escolar.

  13. Criação do Instituto Santa Terezinha

    1929

    Enquanto o INES era voltado aos surdos do sexo masculino, o Instituto Santa Terezinha era também uma escola para estudante surdos, mas voltada exclusivamente para alunas. No início, também era no regime de internato, que com o tempo foi alterado, bem como a restrição ao sexo masculino.

  14. Estudos de Lucinda Brito

    Década de 1980

    Até mesmo pela presença do INES, o Rio de Janeiro sempre teve grande participação no desenvolvimento da libras. E foi na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que o primeiro grupo de estudos linguísticos de língua de sinais surgiu, na década de 1980, coordenado por Lucinda Ferreira Brito, primeira linguista brasileira a se dedicar ao assunto.

  15. Criação da FENEIS

    1987

    A primeira entidade representativa da comunidade surda no Brasil foi a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS). Fundada em 1987, hoje conta com seis Administrações Regionais e tem suas atividades reconhecidas como de utilidade pública nas esferas federal, estaduais e municipais.

  16. Marcha “Surdos Venceremos”

    Setembro de 1994

    Foi o primeiro grande evento dos surdos no Brasil e angariou visibilidade para a causa. Os surdos reivindicaram o reconhecimento oficial da libras no Brasil, o direito à educação em libras e o provimento de intérpretes de libras em espaços públicos.

  17. Lei de libras

    24 de abril de 2002

    Publicação da lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, conhecida como a Lei de libras. Por meio dela, ocorre o reconhecimento oficial da libras como meio de comunicação e expressão das comunidades surdas brasileiras, bem como a garantia da acessibilidade de informações por meio da libras e a difusão da mesma por meio do ensino. Estabelece-se ainda a formação do professor de libras e do tradutor-intérprete de libras / língua portuguesa.

  18. Decreto que regulamenta a Lei de Libras

    22 de dezembro de 2005

    Para efetivo funcionamento, as leis precisam de uma regulamentação por meio de Decreto. No caso da Lei de Libras, isso aconteceu por meio do Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que avalizou e detalhou os pontos estabelecidos na lei.

  19. Criação do curso de Letras/Libras/UFSC

    2006

    Como parte dos desdobramentos da legislação citada, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lançou, em 2006, o curso de licenciatura em Letras/Libras na modalidade a distância. Foram 500 vagas em 9 polos pelo Brasil. Foi a primeira vez que um grande número de surdos teve acesso ao ensino superior público no Brasil.

  20. Expansão do curso de Letras/Libras/UFSC

    2008

    A Universidade Federal de Santa Catarina avançou na proposta do curso de licenciatura em Letras/Libras na modalidade a distância, de formação de professores, e expandiu a proposta para um bacharelado, a fim de formar tradutores/intérpretes. Então, em 2008, foram disponibilizadas 900 vagas em 16 polos brasileiros, divididas entre a licenciatura e o bacharelado.

  21. Retrocesso na educação de surdos

    Março e abril de 2010

    Entre março e abril de 2010, ocorreu a Conferência Nacional da Educação (CONAE), para a elaboração do Plano Nacional da Educação (PNE) para os próximos anos. Das 11 propostas apresentadas pela comunidade surda, apenas 3 foram aceitas. Essa grande rejeição às propostas se deu sob a justificativa de que as escolas de surdos eram segregacionistas, ou seja, estavam na direção contrária das políticas nacionais, que primam pela inclusão.

  22. Por que fechar o INES?

    17 de março de 2011

    Em 2011, ainda por conta do discurso de inclusão do aluno surdo em escolas regulares, a Diretora de Políticas Públicas e Educação Especial anunciou no próprio INES o fechamento da escola ainda naquele ano e o remanejamento dos seus alunos para escolas regulares. Após mobilização da comunidade surda, o INES não foi fechado.

  23. Setembro Azul

    26 de setembro de 2011

    Ocorreu no dia nacional dos surdos uma mobilização em todo o país em prol das causas da comunidade surda. Entre os objetivos da ação, estavam as lutas e as emendas específicas sobre a educação dos surdos no Plano Nacional de Educação, que estava em tramitação no Congresso Nacional.

  24. Vitória na Câmara dos Deputados

    28 de maio de 2012

    Após a mobilização do ano anterior, no Setembro Azul, a comunidade surda obteve grandes conquistas na Câmara dos Deputados. Na aprovação do Plano Nacional da Educação, entre outras iniciativas, foram incluídas as previsões de escolas e classes bilíngues além da escola inclusiva.

  25. Você começa a fazer parte dessa história

    Hoje

    Defenda e divulgue a luta da comunidade surda brasileira e da libras! Cada pessoa a mais na causa vale a pena.

A Língua Brasileiras de Sinais é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. A lei também garante o direito dos surdos à acessibilidade da informação e à difusão da sua língua por meio do ensino. Essa lei foi regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que inclui, entre outros pontos, a libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação docente, dispõe sobre a formação de professores e tradutores/intérpretes de libras/língua portuguesa e o acesso da comunidade surda à educação bilíngue.

Cultura para todos

Poemas, piadas, receitas, músicas...em libras! Conheça algumas dessas produções neste acervo cultural.

Librinhas

Assim como recebe um nome quando nasce, as pessoas são designadas na comunidade surda por um sinal. Ele funciona como seu nome próprio frente a esta comunidade, logo será usado em todas as ocasiões e por todas as pessoas. Em geral, os sinais são motivados por características físicas ou da personalidade ou mesmo por um trejeito ou mania.

Esse é o Manuel. Seu bigode charmoso rendeu a ele esse sinal:

Tirinha Libras

Essa é a professora Laura. Ela é tão carinhosa com seus alunos que seu sinal ficou assim:

Tirinha Libras

Agora, por que será que o Marcelinho ganhou esse sinal?

Tirinha Libras

Videoaulas da disciplina de Libras

A Cultura e Identidade Surda é rica em conquistas históricas. O uso da libras precisa ser difundido em contextos educacionais, trabalho, arte, cultura e esporte, oferecendo acessibilidade de informação e garantindo o direito dos surdos e o seu uso como primeira língua.
A disciplina de libras, ministrada pelo professor Dr. André Xavier foi oferecida para os alunos do curso de Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática da UNIVESP e está disponível de forma aberta e gratuita na internet. Confira as 14 aulas sobre o tema.

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